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‘Gorduras do bem’ podem ser chave contra diabetes


Dois estudos publicados na edição desta semana da revista científica “Cell” podem abrir novos caminhos no combate ao diabetes, à obesidade e às doenças a ela relacionadas. No primeiro, cientistas do Centro Médico Beth Israel Deaconess (BIDMC, na sigla em inglês) e do Instituto Salk, ambos nos EUA, identificaram uma nova classe de “gorduras do bem” que melhoram a capacidade do corpo de usar a insulina que produz e controlar os níveis de açúcar no sangue. Já no segundo, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale, também nos EUA, descobriram as bases moleculares de um processo cerebral ligado ao controle do apetite que regula a taxa de transformação da chamada “gordura branca”, usada pelo corpo para armazenar energia, na “gordura marrom”, queimada pelo organismo para gerar energia.

Uma classe diferente

Durante muito tempo, achava-se que as gorduras, como o colesterol, estavam sempre associadas a problemas de saúde. Mas a nova classe de lipídios, batizada como ácido graxo hidroxilizado de ácidos graxos (FAHFAs, na sigla em inglês), agora se junta a outras, como o ômega 3, que hoje se sabe serem benéficas para o organismo. Em experimentos, os pesquisadores do BIDMC e do Salk mostraram que camundongos geneticamente modificados para desenvolverem diabetes do tipo 2, quando alimentados com as FAHFAs, tiveram os níveis de açúcar em seu sangue reduzidos. Além disso, eles descobriram que, ao contrário do ômega 3, não produzido por mamíferos e obtido apenas através do consumo de compostos como óleos de peixes, as FAHFAs são regularmente fabricadas pelo corpo humano. E como a pesquisa também revelou que pessoas com alto risco de desenvolverem diabetes do tipo 2 ou em seus primeiros estágios tinham baixos níveis destes lipídios em seus organismos, eles esperam que as FAHFAs sirvam de base para novas terapias para prevenção e controle da doença.

— Estas características importantes dão às FAHFAs uma vantagem em termos de desenvolvimento de terapias porque potencialmente podemos modificar a taxa a que o corpo as produz e consome — destaca Barbara Kahn, vice-presidente do Departamento de Medicina do BIDMC e autora sênior do estudo na “Cell”. — E como podemos medir os níveis das FAHFAs no sangue, seus baixos níveis podem servir de marcadores para o risco de desenvolvimento de diabetes do tipo 2. Consequentemente, se restaurar seus níveis em indivíduos com resistência à insulina mostrar ter valor terapêutico, podemos intervir antes que a doença se desenvolva completamente.

Já no segundo estudo, os cientistas demonstraram que os neurônios responsáveis por controlar a fome e o apetite na região cerebral do hipotálamo também regulam o metabolismo de gorduras pelo corpo ao indicar se a energia nelas contida deve ser guardada ou logo queimada. Em uma experiência também com camundongos, eles descobriram que ao modificar a taxa a que o cérebro ordena a transformação da gordura branca, como os triglicérides, em marrom, os animais não ficaram obesos mesmo sendo submetidos a uma dieta com altos níveis de gordura.

Extra

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